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QUIMERA - Bruno Mendonça

 

A iniciativa de criar um grupo partiu da vontade primeira em compartilhar processo de criação;

Potencializar o próprio trabalho no sentido de um Eu mais expandido, compreendendo que somos, artistas, conectores, antenas do mundo e assim ver nesse radar o que podemos captar juntos como um ser-composto – a vontade da quimera.

 

Busquei encontrar outros artistas que tivessem forte ligação com natureza.

O estudo de mitos foi um tema que se tornou de fato um bom ponto de partida,

e a espiritualidade como possibilidade.

O primeiro desafio além de bater ideias seria conciliar  agendas e possibilidade real de um projeto que trazia essa questão da fusão.

Com grupo formado logo nos organizamos para uma viagem ao sítio da minha tia Kiki em Visconde de Mauá na Serra da Mantiqueira.

Minha primeira surpresa foi ver aquele cenário da minha história de vida inspirando de formas tão diferentes cada artista.

A semente dessa exposição e grande parte dos trabalhos surgiram dessa convivência onde pudemos estudar juntas, trocar experiências de vida, e curtir natureza pensando na pesquisa própria de cada uma abertas para algo em comum: Subimos o rio pelas pedras em cachoeiras secretas na mata, trilhas para o alto da montanha, cozinhamos juntas, partilhamos tantas histórias na beira do fogo...

Pensando juntas o que seria o Quimera coletamos muitos elementos da natureza, produzimos vídeos, fotos e retornamos para São Paulo cheias de ideias, alguns trabalhos já prontos...

Ao retornar a vida urbana, aos nossos compromissos tivemos o desafio de batalhar com persistência a constância de nossos encontros e dar sequencia a tanto que fizemos em 4 dias juntas.

Mais do que um projeto de exposição é quimera se tornou um espaço desse encontro experimental que para ser ativado exigia esse envolvimento e convívio, que uma viagem e uma residência possibilitaram de fato que essa fusão pudesse acontecer.

Luciana e Leka iniciaram a residência dia 10 de Janeiro, Ana chegou no dia 15 e eu um tanto depois, para as ultimas 2 semanas no dia 23 .

O que aconteceu esse mês ainda está muito fresco para contar, e talvez deva ser narrado pelo grupo que esteve mais presente.

Para mim foi uma experiência muito intensa, me liberar das minhas ideias iniciais para o grupo ainda tão amarradas a minha própria produção pessoal e entender o que para cada uma a experiência e a pesquisa estava atrelada.

Leka criava seres de cerâmica, Luciana pesquisava o umbigo do mundo, Ana bordava uma bandeira simbólica e eu havia passado 1 mês na Bahia chegava com fortes referencias pessoais de uma outra experiência muito intensa que havia passado separadamente.

E mais uma vez estávamos no caldeirão sendo misturadas, abrindo mão de decisões particulares para uma voz de grupo.

O estudo da criação do mundo estava aberto e se compondo em uma mesa com objetos inusitados e tudo muito diferente do que havia pensado antes, melhor.

O vídeo de captações realizadas em Mauá eram trazidos em edições inesperadas pela Leka, o que gerou grandes debates até que pudéssemos todas compreender,

O estudo dos mitos escolhidos no inicio – Penélope, Sereia, Perséfone... se transformaram em tantas simbologias como o Onfulo, a semente do centro do mundo, mais pesquisado pela Luciana,  depois os Labirintos da Leka e tantos outros seres que criou,  as linhas costuradas da Penélope da Ana que atravessaram outros conteúdos... e para mim, o rio e as pedras, a rede, também ainda em estudo sobre o que de fato significam, de qualquer forma, mesmo com alguns trabalhos um pouco mais apropriados a soma de ideias, a ajuda na montagem e principalmente tudo que passamos juntas nos possibilitou criar verdadeiramente um lugar juntas e assim a quimera aconteceu de fato.

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